Mais um fim chegou.
É engraçado como quando somos jovens (não que
eu seja velha) e desejamos com tanta vontade que os anos passem.
“Quero que chegue logo os 15 para eu ter a
minha festa”. “Bem que eu podia fazer 18 logo para tirar minha carta de motorista!”.
“Nossa, daria tudo para estar no último ano da faculdade...”. “Preciso aguentar
mais um ano nesse emprego para ter mais experiência e conseguir coisa melhor”. “Daqui
cinco anos eu penso em ter filhos...”.
Sempre existe algum motivo para querermos que
o tempo voe. Ah, se nós jovens soubessem que nem sempre é bom crescer!
Na hora do desespero desejei que esse ano acabasse
logo. No final de 2018 lembro-me de dizer com afinco que 2019 seria “o ano”. De
uns anos para cá a tendência era eu gostar mais de anos pares, já que eram os
que mais me traziam coisas boas. Claro que isso tudo é coisa da minha cabeça,
era só uma questão de ponto de vista, afinal de contas quem faz o seu ano é
você mesmo.
De fato 2019 foi “o ano”. Me disseram que ele
seria recheado de realizações, visto que 2018 foi um ano de mudanças. Acredito
que, de certa forma, ele realmente foi de realizações. Entendi, mais uma vez,
que nem tudo o que eu quero em determinado momento é o que eu preciso para
aquele momento. Entendi que é preciso aceitar as mudanças que nos são impostas
e tentar tirar o máximo de aprendizado daquilo.
E, agora, 2019 está chegando ao fim. Os últimos
cinco meses passaram em câmera lenta, me deixando a cada dia mais desesperada,
sem ver uma luz no fim do túnel de um caminho tão escuro. As luzes de Natal já
começam a surgir pela cidade e me trazem lembranças de quando o final do ano me
deixava nostálgica.
Hoje eu acredito que a nostalgia surgia
devido à distância (ou vai ver era apenas Sagitário me tornando mais
introvertida mesmo). O não estar perto da família, o não comemorar com todo
mundo, o breve afastamento dos amigos... Isso sempre me fazia pensar em tudo o
que tinha vivido e tudo o que eu ainda queria viver. Muitas vezes eu ficava
mais triste do que feliz, sempre me pareceu que meus sonhos eram gigantes de
mais para os meus pequenos passos.
Então, quando o fim chegou, eu não fiquei
mais triste. Introvertida, sim. Analisando tudo o que aconteceu de bom e ruim
na minha vida durante esse ano, sim. Sentindo aquele cheiro de final de ano que
só eu e a Fabi entendemos, sim. Mas não mais triste.
Dessa vez a vontade de viver todos os meus
sonhos está gritando mais alto do que o medo deles serem grandes demais. A sede
é grande, e se o copo for pequeno, então eu vou buscar o meu lago particular.
E, de repente, eu descobri que tudo não
passou de força de vontade, de não desistir nas horas difíceis, de correr atrás
dos sonhos independente do tamanho de cada um deles, de se não se deixar abater
pela opinião alheia, de crescer sempre porque o mundo é gigante.
Então, deixa que o fim chegue. Deixa que as
luzes de Natal pisquem. Deixa que o cheiro de final de ano tome conta do
espaço. Deixa as músicas tocarem. E com certeza entrar no clima vai ser muito
mais prazeroso do que ficar olhando do lado de fora.