Um homem que foi abandonado, quando ainda era
jovem, pelo amor da sua vida. E após vinte anos ele ainda não sabe o motivo do
seu desaparecimento. Ler sobre seus encontros me trouxe várias lembranças.
Pela primeira vez me peguei pensando se você
também pensa em mim. Eu sei que já faz muito tempo, sei que muita coisa mudou e
nossos caminhos nos distanciaram. Eu sei que a vida continua após um ponto
final.
Mas, de vez em quando, eu penso em você, eu
penso em nós dois, no que fomos e no que poderíamos ter nos tornado se não
tivesse existido um ponto final.
Mas será que você alguma vez lembrou de mim,
de nós, de tudo o que vivemos?
Às vezes você ficava calado enquanto
ficávamos abraçados na cama. Tudo o que eu queria era saber o que você estava
pensando. Vai ver era a insegurança da menina que eu era.
Será que hoje, abraçado à ela, eu invado seus
pensamentos e suas lembranças? Será que aquele sorriso nos seus lábios, em
silêncio, no meio da noite quando você não consegue dormir, é culpa de uma
saudade de tudo aquilo que vivemos?
Confesso que comigo às vezes é assim. Lembro
do frio na barriga que a expectativa da sua chegada me causava. Pra mim eram as
famosas borboletas no estômago. E até hoje não me lembro de me sentir assim com
mais ninguém. Vai ver é porque você sempre vai ser o meu primeiro amor.
A sua partida também me causava desespero.
Era como se fosse a última vez que fôssemos nos ver. Vai ver era drama da
menina que eu era. Vai ver era só o medo de te perder.
Engraçado como nunca fizemos as coisas
românticas que eu via nos filmes e queria viver. Mas nós tivemos os nossos
momentos, experiências únicas, que vou carregar para sempre no meu coração.
Era tudo tão mágico, tão incrível! Os
reencontros faziam valer a pena a distância que nos separava. Me lembro de
sempre reclamar de tudo o que não vivi com você. Você dizia o mesmo. Era uma
saudade de tudo aquilo que não vivemos.
Tantas coisas que vivemos que, para alguns,
poderia soar como banal. Mas até hoje, para mim, eram as nossas loucuras.
Saudade de te abraçar, deitados na cama,
mesmo que por alguns minutos antes de você ir embora. Saudade de nos
escondermos das pessoas no meio da rua. Saudade de conversar com você até a
madrugada enquanto a chuva caía.
Saudade de quando você me protegia e dizia
que tudo ia ficar bem. Saudade de passar a noite de Natal com você no MSN.
Saudade daquele beijo roubado, na frente do sinal, depois do nosso ponto final.
São tantas lembranças, tantas primeiras
vezes, tantas sensações e sentimentos. Com você eu tive as minhas melhores
memórias. E depois de tanto tempo eu me questiono se você também pensa em mim
como eu penso em você.
Mas a vida continua e, em algum lugar do
tempo, nós ainda estamos juntos.