Queria não ser essa pessoa inconformada com
algumas coisas irrelevantes. Queria muito aprender a deixar ir quando já foi há
muito tempo. Queria desapegar de coisas e momentos que já desapegaram de mim e
parar de sentir saudade e querer voltar no tempo para reviver aquele momento
como se fosse me satisfazer no presente.
Com tanta bagagem nas costas e experiências
eu ainda não consigo dar o braço a torcer que as pessoas passam em nossas vidas
no momento certo, e que da mesma forma que cada uma delas seguiu o seu caminho,
eu também segui o meu.
Ainda não aceito que aqueles amigos de dez
anos atrás que hoje estão a vários quilômetros de distância já não se fazem
mais presentes mesmo que virtualmente. Ainda me dói saber que a maioria não se
importa em querer fazer presença na minha vida.
Um dia me dei conta que se eu quisesse aquela
pessoa na minha vida eu deveria correr atrás. Hoje ainda continua assim. Mas
não deveria, porque o “correto” seria haver vontade de ambos os lados. O
problema é que a saudade é minha, e sou eu que tenho que lidar com ela. E se
aquela pessoa não me procura então é porque ela simplesmente não quer.
E é aí que entra o meu inconformismo. É
difícil aceitar que perdi alguém que poderia estar presente na minha vida se
quisesse. É difícil aceitar que esse alguém não quer mais.
E assim a vida vai caminhando nessa eterna e
inconstante roda de hamster enquanto eu fico presa na minha gaiola de saudades.