Fica bem

16:11




Desde que eu era criança eu sempre fantasiei, antes de dormir, com as coisas que eu queria sonhar. Muitas vezes eram peças teatrais completas, com direito a falas minhas e dos personagens envolvidos. Na maioria das vezes sempre eram histórias românticas, sempre eu com o menino que eu gostava.

Já adulta eu ainda mantenho essa “tradição” de deitar na cama e esperar o sono vir enquanto fantasio algumas cenas.

Um dia, eu fantasiei que você chegava até mim no trabalho e dizia que estava a fim de mim. Eu falava pra você que nunca iria acontecer nada entre a gente porque atrapalharia o trabalho. Na mesma fantasia, eu saia com uma amiga e no barzinho você aparecia e me tirava pra dançar. Durante a dança a química rolava e eu me deixava levar pelos meus sentimentos e você enfim me beijava. O final era você acordando na minha cama no dia seguinte.

Alguns dias depois dessa minha fantasia você se declara estar interessado em mim. É como se eu tivesse jogado e o universo estivesse devolvendo. Foi bom enquanto durou, mas você resolveu que não dava mais pra você.

Depois de tudo, várias vezes eu fantasiei nós dois conversando e você tentando explicar como se sentia. Um dia, fantasiei que você me pedia uma segunda chance para tentar me conquistar e que só iria me beijar quando eu finalmente me apaixonasse por você, já que você tinha descoberto que estava apaixonado por mim.

Hoje, quando acordei, no meio dos meus pensamentos eu fantasiei que você me mandava uma mensagem dizendo para eu abrir o portão de casa porque você estava do lado de fora me esperando. Eu abria, te deixava entrar e você me pedia desculpas por ter terminado comigo de forma tão estranha e por ter me tratado mal.

Eis que, mais uma vez, o universo traz você de volta pra mim, quase como uma resposta para a minha fantasia. Você me manda exatamente a mesma mensagem dizendo estar no portão me esperando, mas na vida real você diz que queria apenas ver qual seria a minha reação.

Como não agi da forma como você esperava a conversa vai se desenrolando, você diz que quer me ver de novo e que resolveu terminar porque se sentia cobrado demais, porque estava confuso.

Quanto a isso nenhuma novidade para mim, era exatamente o que eu imaginava da sua parte. Quando questiono se você não está com ninguém, você diz que sim, mas que a carne é fraca. Que ironia, te pergunto onde está a sua companhia nessas horas e você responde não saber.

A diferença entre nós dois é que eu sempre soube o que eu queria e eu sei que nós nunca quisemos a mesma coisa. Enquanto você quer aproveitar a sua vida e a sua solteirice conhecendo pessoas novas todos os dias, eu busco alguém que queira ficar do meu lado e dividir os dias comigo, que queira a minha companhia por mais de uma ou duas horas.

Mesmo quando você me tirou da ilusão que eu mesma criei em relação a nós dois, eu nunca desejei seu mal. Sempre quis que você se encontrasse e entendesse o que de fato você queria para a sua vida, porque, ao mesmo tempo que eu percebia que você queria aproveitar, você também desejava uma companhia para chamar de sua.

Mas seu medo sempre foi maior, e você deixou ele te dominar. E eu não vou dizer que nunca senti medo, mas eu procuro ouvir mais meu coração ditar as regras do que um medo tolo que só quer me prejudicar.

Não vou dizer que não sinto nada, não vou dizer que já te esqueci, porque eu estaria mentindo pra mim mesma. As minhas fantasias foram intensas demais em relação a você, intensas como eu sempre fui, e não é de um dia para o outro que a gente apaga um sentimento.

Mas eu sei que o ponto final que você quis transformar em ponto e vírgula na nossa relação foi o que me fez entender que persistir na pessoa que eu inventei em você seria errado e só me faria esquecer, cada dia mais, o amor que tenho por mim mesma.

Então me entenda, eu só desejo o seu bem, quero que você se compreenda e veja o que de fato te faz bem e feliz. Eu quero que você lute por isso e não desista na primeira barreira por medo.

Eu quero que você seja feliz.
Por isso, fica bem.
É o que eu vou tentar fazer por mim também.

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