Em uma noite de um dia no meio da semana você me manda uma mensagem, já tarde, me pedindo para me trocar e te esperar no portão porque você já estava quase chegando para me buscar. Nada disso estava combinado, mas resolvi atender ao seu pedido e ver o que ia dar.
Ao entrar no carro você, pela primeira vez,
me chama de “meu amor”. Não soaria tão estranho se não tivesse vindo de você,
que nunca me chamou sequer de “meu bem” como eu fazia com você.
Durante todo o trajeto você apoiou uma mão na
minha perna e, suavemente, me acarinhava em um gesto de mostrar que estava
comigo curtindo e aproveitando o momento. Eu, boba como sou, sorria
internamente para não me entregar e parecer sonhadora demais para você, olhava
para os lados através do vidro do carro e aproveitava o momento.
Ao pararmos em um hotel você pediu as chaves
de um quarto previamente reservado. Subimos o elevador de mãos dadas, você todo
despreocupado e eu morrendo de medo de ser flagrada com você, já que essa
relação era de certa forma proibida.
Quando entramos no quarto a surpresa de um
ambiente banhado pela luz de velas e uma cama muito bem arrumada com pétalas de
rosas vermelhas. Admirada com tudo aquilo fiquei imóvel e ainda de mãos dadas
você me puxou para o seu abraço e disse que queria me surpreender aquela noite.
Seu beijo veio intenso, com vontade, como se
minha boca fosse a água que você tanto ansiava por beber. Joguei os meus braços
em volta do seu pescoço e suas mãos foram percorrendo o meu corpo suavemente
enquanto você matava a sua sede e, de repente, me descobri com a mesma vontade.
Em um movimento rápido você me pegou no colo,
coisa bem fácil para você já que a diferença de tamanhos entre nós é tão
grande. Ao me deitar na cama foi tirando a minha roupa delicadamente, não com o
desejo ensurdecedor, mas com algo a mais no olhar.
Com meu corpo suado colado ao seu, pela
primeira vez fizemos amor. Não, definitivamente não foi aquela transa louca que
sempre fizemos para matarmos nossas vontades, muitas vezes corrido demais, sem
nos atermos aos detalhes um do outro. Aquela noite aconteceu como todo enredo
bem feito para um filme de amor.
Ainda deitados nos braços um do outro,
apreciando todo aquele misto de sentimentos que ficaram explícitos em nós dois,
você se declara para mim dizendo me amar há muito tempo e só se dando conta
disso quando percebeu que iria me perder de novo.
Depois de tantos encontros escondidos, tantos
desejos saciados, tantas conversas que me faziam pensar que estávamos
destinados a ficarmos juntos para o resto da vida, tantos sentimentos engolidos
a seco por não poder gritar aos quatro ventos, você finalmente deixa o medo de lado
e se entrega ao nosso amor me permitindo respirar pela primeira vez depois de
tanto me segurar.
Prometemos que nosso amor não seria mais um
crime que poderia ser julgado, mas que seria explícito e que, quem fosse
contra, que procurasse outra coisa para fazer, pois estávamos ocupados demais
vivendo a nossa história. Terminamos aquela noite dizendo “se cuida, eu te amo!”
pela primeira de muitas vezes que ainda diríamos no futuro.
E quando, naquela noite, deitei a cabeça no
travesseiro, senti as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto e meus soluços
desesperados tomarem conta de mim. Finalmente eu me via livre para amar e me
entregar ao meu sentimento, finalmente eu poderia chama-lo de “meu homem”,
finalmente eu teria um abraço que seria o meu porto seguro e um beijo para me
acalmar e matar a minha sede.
E tudo seria perfeito demais se não fosse
apenas mais um sonho que a minha mente criou na esperança de que esse
sentimento fosse, um dia, levado a sério por você. Quem sabe jogando para o
universo ele não trás de volta. Quem sabe você realmente não se declare
apaixonado por mim. Quem sabe você não é o homem da minha vida, aquele que eu
posso chamar de “meu”. Quem sabe...