Já se foram dez anos

14:53

 


Hoje finalmente me dei conta de que já se passaram dez anos que resolvi dar a cara a tapa e mudar de vida. Mas essa “comemoração” deveria ter sido em novembro, há três meses, e nem sequer me lembrei. Vai ver foi devido à correria, vai ver realmente não me importava mesmo. Porém fiquei analisando quem eu era na época da mudança e resolvi fazer uma análise daquela menina.

 

Eu estava prestes a completar vinte e um anos, seria o primeiro aniversário longe da minha mãe. Fazia um ano que meu primeiro namoro havia terminado, fazia três meses que havia perdido minha avó materna, e eu ainda me sentia perdida. Passar em um vestibular sem ao menos ter me preparado para a prova foi um susto, e foi nessa vibe que resolvi sair da cidade onde passei minha infância e adolescência, deixando mãe, pai e irmão para trás, e ir morar de favor na casa de uma tia, na minha cidade natal, para conseguir realizar o sonho de fazer uma faculdade.

 

Aquela menina sonhava em fazer os quatro anos de faculdade e voltar para onde cresceu, já que lá havia mais oportunidades de trabalho. A meta era trabalhar em uma empresa onde, inconscientemente ou não, sempre sonhei em trabalhar desde criança. Era para a companhia dos meus amigos e da minha mãe que eu pretendia voltar. Sem falar na esperança de reatar o primeiro amor.

 

A menina de dez anos atrás sonhava grande e alto, tinha tudo planejado na cabeça. Mal sabia ela que dez anos são suficientes para tudo mudar!

 

A faculdade começou e com ela veio um novo namoro. Não havia amor, apenas o carinho e o comodismo com a rotina que fizeram a relação durar dois anos e meio. Junto com o relacionamento vieram várias incertezas, muitas desconfianças, ciúmes de ambas as partes, insegurança em si mesma e medo do futuro.

 

Foi preciso um quase pedido de casamento e a ideia do outro em abandonar a faculdade e tudo mais que eu havia conquistado até então para eu poder acordar e assumir as dores de uma decisão que precisava ser tomada há muitos meses e que eu só adiava.

 

Foi difícil me acostumar à nova rotina. Com o término do relacionamento percebi que chorava menos depois que fiquei solteira do que todo o tempo em que estava namorando. Eu era sugada diariamente e não tinha percebido, eu era a mãe que faltava para ele e praticamente vivi um relacionamento baseado em criar o filho de outra pessoa.

 

A partir daí as coisas mudaram, voltei a sonhar, a visualizar um futuro para mim e aquele sonho de um dia construir uma família ao lado de alguém especial, que me amasse de verdade, voltou a tomar forma na minha cabeça.

 

Os planos de voltar para a cidade onde cresci não deram certo. Um surto psicológico após o susto de voltar para aquele lugar que eu havia deixado há alguns anos e que não era o mesmo me fizeram recuar e repensar o que fazer da vida.

 

Nem sempre o que planejamos com tanto carinho e vontade acaba acontecendo. Foi preciso outra mudança para que eu compreendesse que nem tudo sai da forma como queremos, na hora que queremos. Alguns sonhos acabaram ficando para trás, outros estão só adormecidos esperando o momento certo chegar. No entanto, alguns queimam a flor da pele para serem realizados.

 

Hoje percebo o quanto cresci e amadureci. Às vezes quando olho para trás me dá uma saudade enorme de alguns momentos, às vezes me dá desespero e tristeza e vontade de apagar muita coisa.

 

Mas se eu pudesse falar com aquela menina de quase vinte e um anos que tinha muito medo do futuro, mas que resolveu dar a cara a tapa, é que não se preocupe, porque o que tem que acontecer, vai acontecer, independente dos nossos planos, mas que o mais importante mesmo é nunca deixar de sonhar porque tudo no final dá certo.

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