Amor de colegial
17:55
Engraçado como as músicas têm um poder imenso
sobre nossas lembranças.
Hoje uma delas me fez voltar na minha
adolescência. Lembrei a menina que, aos 13 anos, deu o primeiro beijo, toda
envergonhada e sem saber o que fazer, e que dez segundos depois saiu correndo,
literalmente, pelo pátio da escola para contar para as colegas da sala como foi.
Quase vinte anos depois ainda sinto vergonha de mim mesma por essa atitude.
Aquela menina teve o primeiro namoradinho,
escondido dos pais, aos 13 anos. Ele era um ano mais velho, estudava na sala ao
lado, sempre me levava na porta da sala na entrada e na volta do recreio (sim,
naquela época era esse o nome).
Virar a esquina da escola pra fugir de quem
me conhecia para poder beijá-lo em paz. Aquele frio na barriga por medo de ser
pega no flagra. Essa é a saudade que a música me trouxe hoje.
A única preocupação era se ele ia faltar no
dia seguinte ou não. Porque no fundo eu sabia o quanto ele gostava de mim e eu
não precisava me preocupar com mais nada.
Ainda lembro a confiança que sentia nele. Não
era preciso ouvir o juramento dele de que não faria algo, bastava apenas um “eu
prometo” e tudo estava bem. Até o dia em que não ficou.
Acredito que ele tenha sido meu primeiro amor
– porque acredito de verdade que nessa nossa vida não temos apenas um amor, mas
sim vários! – e também foi a minha primeira decepção. A gente nunca esquece uma
traição, principalmente quando temos exemplo dentro de casa.
Uma das minhas músicas românticas favoritas também
serviu como pano de fundo para o pedido de perdão durante uma apresentação de
teatro na escola. Claro que, na minha mágoa, e depois de tanto chorar, não ouve
perdão.
No
final das contas ele acabou mudando de escola. Imagino que eu não tenha sido a
razão da transferência, mas nunca soube qual foi a verdade.
Dois anos depois acabamos nos encontrando no
Carnaval em uma cidade vizinha. Ele trabalhando, eu me divertindo. Como fui
tola na época, quando nos encontramos meu coração ainda batia acelerado por
ele. Como me arrependi de não manter contato depois, de não pedir um telefone,
um endereço, qualquer coisa.
Hoje, ouvindo essa música, voltei no tempo e
senti saudade daquele frio na barriga quando o sinal tocava e eu finalmente
podia encontrar meu namorado. Essa sensação vale a pena, e com o tempo a gente
acaba perdendo e vai ficando tudo no passado.
Mas como outra letra de música diz, em algum
lugar no tempo, nós ainda estamos vivendo tudo isso - de novo.
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