O meu pedestal

04:06

 


Há onze anos, nessa mesma cidade em que estou hoje, fiquei meses sem escrever. Não tinha inspiração para isso, me faltavam palavras, os sentimentos eram contraditórios, duvidosos, sem explicação. A primeira perda de alguém tão próximo, mesmo que eu já estivesse entrando na fase adulta, mexe muito comigo.

 

Quem me conhece sabe o quanto falo de sentimentos. Vivo à base deles, e desde que comecei a escrever textos e pensar em, um dia, escrever um livro com essas minhas crônicas malucas, percebi que para ter inspiração eu precisava estar sofrendo. Aí entendi o que muitos escritores diziam e viviam.

 

Mas eu vivo para o amor, ou pela falta dele. E, assim como há onze anos, hoje eu ando em silêncio. Provavelmente porque a última vez que quebrei a cara não foi tão intenso quando as outras vezes, afinal de contas, eu mal tive tempo de me apaixonar, apenas fiquei revoltada com a rejeição.

 

Percebi que depois de digerir os acontecimentos eu funciono muito bem com a exclusão. Excluo a pessoa dos meus contatos, quanto menos eu ver o nome ou a foto da pessoa, melhor. E o problema – ou talvez a solução – é que quando eu passo a ignorar aquela pessoa que um dia eu permiti entrar na minha vida, eu faço isso muito bem.

 

Descobri que às vezes eu preciso levar alguma rasteira da vida para voltar para mim mesma. É que quando eu estou com alguém, eu realmente estou com aquele alguém, me entrego de corpo e alma e esqueço de mim. Esqueço que eu sou a prioridade para mim mesma e que preciso me colocar em um pedestal, e não o outro.

 

E é isso que estou fazendo agora. Voltei a focar nos meus sonhos, a planejar o que quero realizar, a estudar e pesquisar sobre as coisas aleatórias que gosto...

 

E lembrei que me sinto uma pessoa incrível, que sou uma pessoa legal, uma boa companhia (chata, muitas vezes, mas quem não é?!), amiga para todas as horas, entre outras várias coisas boas. E eu preciso enaltecer isso em mim, porque só eu sou capaz de fazer isso.

 

Veja bem, não é que eu seja convencida, mas eu sou convencida. Você entende que se você não faz isso por você ninguém mais vai fazer?

 

O mundo está muito chato! E eu já me cansei desse lenga-lenga faz muito tempo! Então se eu posso fazer algo legal e gostoso eu vou fazer, por mim! E vou ser a pessoa mais egoísta que conseguir ser pelo tempo mais longo que puder, porque eu acredito que só assim eu vou entender a lógica da magia que é viver.

 

E se eu me acho tão incrível e tão foda assim, porque não posso conquistar os meus sonhos sozinha? Já fiz tantas coisas assim... Por que não posso ser a tal princesa que se salva sem o príncipe? Eu posso e eu vou fazer!

 

Então, se por acaso você me ver por aí, toda feliz, saltitante, dando sorrisos por receber uma trajada de vento no rosto, sorria também e compreenda que é porque eu finalmente subi no pedestal que criei para mim mesma.

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